Embriagai-vos
É necessário estar
sempre bêbado. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o
fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso
que vos embriagueis sem cessar. Mas – de quê ? De vinho, de poesia ou de virtude,
como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas
vezes, sobre os degraus de um palácio, sobre a verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a
embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela,
ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que
rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o
vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
- É a hora de embriagar-se! Para não serdes os
martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De
vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
Charles Baudelaire, Petits poémes en prose, 1869.
Desejo embriagar-lhes neste blog, de virtude. Vou permanecer sempre a postar, mesmo que forma desritmada, aqui. Com prazer e a intenção de compartilhar o que eu acredito ter sido escolhido com minuciosa dedicação, e com todos os sentidos e significados do mundo.
Eu gosto deste período da história, da informação e de alguns pontos da liberdade.
Eu quero seguir, e quero estes que retornam, sigam a valorizar, mesmo que em silêncio.
É bom ver que vocês voltam aqui.
É bom ver que vocês voltam aqui.
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