Convido-os a prestigiar: Zélia Barbosa

quinta-feira, 21 de maio de 2015



ZÉLIA BARBOSA atua no mundo artístico do Recife e do mundo; é atriz, cantou e encantou. No teatro, Zélia integrou no final da década de 50 e início dos anos 60, o elenco do TUCAP – Teatro da Universidade Católica de Pernambuco, onde se apresentou em vários espetáculos dirigidos por Clênio Wanderley, a exemplo de “A Farsa do Advogado Pathelin”, de Antoine de la Sale, além do elenco do TAP – Teatro de Amadores de Pernambuco, tendo participado do espetáculo “Bodas de Sangue”, de Federico García Lorca, dirigido por Bibi Ferreira. Como cantora, iniciou sua carreira no Coral Bach do Recife, então regido pelo maestro Geraldo Menucci, com o qual se apresentou em festivais mundo afora; Zélia destaca o “VII Festival Internacional da Juventude”, em Moscou, no ano de 1957 e o acompanhamento da trilha sonora dos espetáculos da Paixão de Cristo, ainda na Vila de Fazenda Nova, por trás dos cenários, também em 1957. Já como profissional, participou de Festivais de Música Brasileira, de Shows e de Espetáculos Musicais, a exemplo do “Cantochão”, dirigido por Benjamim Santos, onde cantou ao lado de Teca Calazans, acompanhados por Marcelo Melo, Paulo Guimarães, José Fernandes e Naná Vasconcelos; “O Samba, a Prontidão e Outras Bossas”, show em que Zélia apresentou ao Recife o ainda desconhecido sambista carioca Paulinho da Viola, acompanhados por Naná Vasconcelos e Paulo Guimarães; “Paroli Paroliado”...

 espetáculo escrito e dirigido por Benjamim Santos, especialmente para Zélia e Carlos Reis, quando foram acompanhados pelo violão de Geraldo Azevedo – recém chegado de Petrolina e que nesse espetáculo assinou, também, a Direção Musical -, pela Flauta de Generino Luna e pela bateria e percussão de Luciano Pimentel, e, finalmente, o “Recital Zélia Barbosa”, que estreou no Teatro Popular do Nordeste – TPN, em 04 de dezembro de 1968, espetáculo solo em que foi acompanhada por Sérgio Kyrillos, Marcelo Melo, Toinho Alves e Luciano Pimentel – estes três últimos que, em 1971, fizeram, juntamente com Fernando Filizola e Sando, a primeira formação do “fenômeno” Quinteto Violado. Isso entre os anos 65 e 70, época efervescente, de grande riqueza musical – quando se atravessou a ditadura, a Bossa Nova e o Tropicalismo (este último, movimento ao qual Zélia não aderiu, pois não combinava com seu estilo); participou, ainda, dos Grupos de Música de Protesto – mas, apesar das circunstâncias da época, eram todos muito românticos. “A música naquele momento não era só música. Era um movimento, era uma maneira de se fazer política, era protestadora, levantava a multidão e mexia com a Censura. Era a verdadeira Música Popular Brasileira”, comenta Zélia, empolgada ao lembrar daquele período. Em 2008, durante as comemorações dos 50 anos da Bossa Nova, Naná Vasconcelos, ele que é o hoje internacionalmente conhecido e respeitado percussionista, em entrevista ao Jornalista e Pesquisador José Telles, do Jornal do Commercio, dispara : “participei do Bossanorte, com Toinho Alves e Marcelo Melo. Fiz, também, vários shows com Teca Calazans e Zélia Barbosa, que era a nossa Elis Regina”. Nesse mesmo período, participou de programas locais de Televisão, a exemplo de “Hora do Coquetel”, apresentado por Alex; “Convocação Geral”, de José Pimentel e “Recife, Modéstia à Parte”, apresentado por Zezito Neves e pela atriz Heloísa Helena – isto sem contar com os inúmeros convites para participações em programas a nível nacional, como os de Hebe Camargo, que Zélia teve de recusar, “porque cantar não era a minha profissão – à época eu era funcionária da então Companhia de Eletricidade de Pernambuco – CELPE e nem sempre podia me afastar”, acrescenta Zélia. Em março de 1966, seguiu para a França, onde permaneceu até maio de 1967, quando cumpriu uma bolsa de estudo em Paris na área de canto, concedida pelo Comitê Católico Contra a Fome, coordenado por Jacqueline Fabre – hoje, grande amiga de Zélia. A Bolsa foi resultado de seu trabalho com Dom Helder Câmara, no MEB – Movimento de Educação de Base, época em que Zélia estava à disposição da Arquidiocese de Olinda e Recife; como consequência dessa Bolsa, gravou o compacto “Borandá”, editado pela UNIDISC, com músicas de Chico Buarque, Edu Lobo, Tuca Nascimento e Zé Kétti, todas traduzidas para o francês, acompanhada pelo violão de Raquel Chaves (falecida em 1996). Devido ao sucesso, foi convidada pela gravadora ‘Le Chant du Monde’, para abrir a Coleção ‘La Chanson Rebelde’, com a gravação do LP “Brèsil – Sertão & Favelas”, dirigido por Turíbio Santos, editado na França, Espanha, Alemanha, México, Estados Unidos, Japão, Itália e Argentina, recebendo o Selo Charles Cros, e que foi reeditado em CD, pela mesma ‘Le Chant du Monde’, no ano de 1995, 28 anos depois de gravado – e seu livreto para o CD, foi traduzido para o francês, inglês e português. Em 1967, já de volta ao Brasil, vence, como Melhor Intérprete e Melhor Música, a I Feira de Música do Nordeste, defendendo “Chegança de Fim de Tarde”, de Marcus Vinícius, com Geraldo Azevedo ao violão. Em 1972, participa, a convite de Marcus Pereira, da coleção “Música Popular do Nordeste”, série histórica de 4 LP’s, resultado de grande pesquisa do Escritor e Teatrólogo Hermilo Borba Filho sobre os ritmos nordestinos – o frevo, o coco, o samba de roda, o caboclinho, os pífanos, a ciranda – e que recebeu o Prêmio MIS – Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro; Zélia foi acompanhada pelo Quinteto Violado, ficando responsável pela parte de frevos, tendo interpretado Capiba, Luiz Bandeira, João Santiago e Nélson Ferreira – este último, com quem já havia trabalhado no Serviço Radiofônico de Educação, juntamente com os radialistas Jorge José e Nilson Lins, como rádio-apresentadores dos Programas Educativos do MEC – Ministério da Educação e Cultura. A Coleção “Música Popular do Nordeste”, também foi reeditada em CD, em 1995, pela Eldorado. Em 1973, participa, no Teatro TUCA, em São Paulo, do show de lançamento da Coleção Música Popular do Nordeste. Em 1974, participa, no Teatro de Santa Isabel, da gravação do LP “Frevo ao Vivo”, também produzido por Marcus Pereira e pelo Quinteto Violado, onde interpretou “Pinga Fogo”, de autoria de Fernando Filizola, acompanhada pela Orquestra de Frevos do Recife, regida pelo Maestro José Menezes. Em 1983, especialmente convidada por Geninha da Rosa Borges – então Diretora do Teatro de Santa Isabel -, retorna aos palcos e abre a temporada de Saraus, no Salão Nobre daquele Teatro, acompanhada pelo violonista Henrique Ánnes – uma noite onde Zélia reencontrou os amigos que acompanharam sua carreira. Na noite de 02 de outubro de 1984, participa, ao lado de Carlos Reis, Claudionor Germano e Expedito Baracho, acompanhados pelo Maestro Guedes Peixoto e sua Orquestra de Câmara da UFPE, de um grande Espetáculo com 2 atos, intitulado “Capiba, Seus Poemas e Seus Poetas”, dentro das comemorações dos 80 anos de Lourenço da Fonseca Barbosa – Capiba, também no Teatro de Santa Isabel, produzido pela Fundarpe e GrupoNove; do show, resultou a gravação de um LP, patrocinado pelo Bandepe e Governo de Pernambuco, e que foi oferecido como brinde de fim de ano aos clientes e funcionários daquele Banco, sendo lançado em 15 de dezembro de 1984, numa grande tarde/noite de autógrafos do mestre Capiba. Após 18 anos sem cantar e gravar profissionalmente, e dentro das comemorações dos 35 anos de lançamento de seu primeiro LP, seu filho, Pedro Francisco de Souza, produziu em parceria com a Celpe – patrocinadora exclusiva através do Sistema de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco, na gestão do governador Jarbas Vasconcelos, o CD “Pra Se Viver Um Amor Maior”, onde Zélia regravou clássicos que marcaram sua carreira; ela contou com as participações especiais e amigas de Carlos Reis (atual diretor dos espetáculos da Paixão de Cristo da Nova Jerusalém), Claudionor Germano, Cussy de Almeida (falecido em 2010), Quinteto Violado, Fernando Rocha e Geraldo Azevedo – que fez questão de gravar a música que haviam defendido na final da I Feira de Música do Nordeste. Em 2009, em uma visita ao Brasil, o Crítico, DJ e Produtor Francês Rémy Kolpa Kopoul, em entrevista ao Jornal do Commercio, diz : “Entre momentos marcantes de minha primeira vinda ao Brasil, guardei encontros com a cantora Zélia Barbosa e Dom Helder Câmara e , de uma outra vinda, lembro-me de uma visita ao ex-presídio do Recife (atual Casa da Cultura), onde encontrei e conhecí o seu Diretor, Pedro de Souza, que me convidou à sua casa e eis que me encontro com sua mulher, falando francês, e que para minha surpresa era Zélia Barbosa – que a esta altura já havia estudado na França e gravado um compacto e um LP de músicas de sertão e de protesto que se tornou um grande sucesso internacional”. Hoje, Zélia está aposentada; realiza trabalhos voluntários com a Federação de Bandeirantes do Brasil – FBB; o Instituto Dom Helder Câmara - IDHEC e a entidade francesa Edelweiss Accueill. Curte a família ao lado do seu marido – o executivo, cerimonialista e ator, Pedro de Souza, com quem é casada desde 1970; é mãe de Pedro Francisco e Catarina, e avó de Pedro Victor, Pedro Arthur e Maria Júlia.

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